«Let man have dominion over the fish of the sea, and over the fowl of the air, and over every living thing that moves upon earth.» (Génesis 1:28)
«Genesis» é uma instalação do artista contemporâneo Eduardo Kac, que inaugura a arte transgénica, criada no contexto do festival Ars Eletronica, de 1999, em Linz na Áustria. O seu principal objectivo é tornar visíveis os processos biológicos e tecnológicos da manipulação genética, explorando a relação intrínseca entre biologia, crença, tecnologia da informação, interacção dialógica, ética, e a Internet.
Tem como base o «gene do artista» criado por Kac e que não existe na natureza, partindo da passagem de uma frase bíblica do Velho Testamento, no Livro da Génesis, em código Morse, e depois a conversão do respectivo resultado em código genético ADN (de acordo com um principio de conversão especialmente concebido por Kac para este projecto). O código Morse foi escolhido por representar o nascer da era da informação (a génese da comunicação global) e o versículo pela sua noção de supremacia humana sobre a natureza.
As bactérias encontram-se numa placa de petri e estão a ser filmadas por uma câmara posicionada acima da placa, estando o vídeo a ser projectado para uma das paredes (em cada uma das outras é projectado o versículo da bíblia, a transcrição desse texto em inglês para código Morse, e a tradução do código Morse para ADN). O processo de replica e interacção entre as bactérias pode ser controlado pelo visitante (tanto no computador na galeria como via Internet) através da exploração da intensidade dos raios ultravioleta das duas luzes que iluminam a placa, podendo toda a evolução ser vista em tempo real. Após a exposição o gene sintético, já evoluído, foi lido de volta para o inglês simbolizando a não aceitação do seu significado do versículo na forma como o herdámos, e o surgimento de novos significados enquanto tentamos muda-lo.
Conversão do versículo.
Aquilo que mais me interessa neste projecto não são apenas as suas implicações naquela que tem sido a sombra do “ser humano artificial” na nossa historia cultural, isto é, a promessa sugestiva de um dia ser-mos capazes de descobrir o denominador comum da “vida”, mas principalmente as suas potencialidades no campo da educação, e até entretenimento, criando uma ponte de aprendizagem e consciencialização através de ferramentas a que o publico comum já está habituado (computador e Internet) e que permitem uma aproximação a certos temas que ainda hoje estão longe dos nossos olhos.
«Genesis» estará de 26 de Janeiro a 27 de Abril de 2008 no Zentrum Paul Klee, em Bern, na Suiça.